Passei o dia pensando nas possibilidades de explicações racionais para o clarão que havia visto na parede do meu quarto. Não poderia ser apenas um sonho, não... acho que não era. Naquela noite eu havia tido sonhos estranhos, sonhos que não dizem respeito à nossa realidade... sonhos sem sentido, como cores claras e escuras... nuvens cor de rosa e criaturas estranhas, aladas. Bem, poderia ter sido só um sonho... então decidí ignorar esse pensamento estranho do qual eu tanto me sentia irritado por não saber exatamente o que era.
Chega de pensamentos imbecis, estava passando da hora de eu parar um pouco de pensar como as coisas seriam e começar a investigar o que elas realmente são, é tudo tão simples... é apenas questão de princípio, coisa que eu estava aprendendo a ter.
Tentei ignorar o pensamento de que algo estaria acontecendo debaixo do meu nariz sem eu ter o conhecimento disso, aquilo que havia visto na parede do meu quarto... aquela luz, os sons, tudo era tão intrigante. Quando não se tem muito o que fazer e ainda se quer ignorar várias coisas, excluir vários pensamentos e ser mais normal... mais iludido e mais feliz, as pequenas coisas passam a ser as maiores e mais importantes do mundo.
Durante a noite tentei não ficar com medo ou imaginar que eu estava ficando realmente louco, porque eu iria carregar essa loucura em silencio durante minha vida toda, pois não se tem muita credibilidade quando se é taxado de "louco" pela sociedade. O frio noturno já havia chegado e eu precisava de um cobertor, resolvi então dormir mais cedo do que de costume e quando estava quase dormindo vi o clarão novamente, mas agora havia percebido mais detalhes... a luz era de várias cores ao mesmo tempo, talvez esse seja o motivo dos meus sonhos coloridos, e a medida que os feixes de luz atravessavam os tijolos, sons apareciam... como o brilhar de um cristal misturado com o barulho de uma cachoeira que te tranquiliza, te faz dormir.
Lutando contra o sono mortal eu decidi investigar aqueles feixes que saíam da parede oposta à minha cama e que se espalhavam por todo o quarto, deixando-o de várias cores, de várias tonaldiades e formas. Senti várias vibrações e climas diferentes passando por mim, ventos não existentes e sons do vento passando por um vácuo enorme na parede.
Coloquei minha mão no mesmo local por onde as luzes saíam e senti cócegas misturadas com pequenos choques gelados, quando me dei conta estava com a mão em uma maçaneta de uma pequena porta feita de galhos secos e folhas, quase imperceptível, pois estava bem escondida por detrás da pintura. Um raio de luz incendiou todo o quarto, fazendo com o que eu caísse para trás e adormecesse.
sábado
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